Fecha-se a porta, toda a gente se senta e eis que começa a reunião. Seja uma avaliação do trimestre, um brainstorming ou um kick-off semanal, o que acontece a seguir depende da figura que fizer. Assegure-se de que NUNCA faz estas! O piadolas A diferença entre uma graça para quebrar o gelo no arranque da […]
Fecha-se a porta, toda a gente se senta e eis que começa a reunião. Seja uma avaliação do trimestre, um brainstorming ou um kick-off semanal, o que acontece a seguir depende da figura que fizer. Assegure-se de que NUNCA faz estas!
O piadolas
A diferença entre uma graça para quebrar o gelo no arranque da reunião e uma hora inteira de palhaçada está numa só piada – aquela piada a mais. Não se iluda. Esse seu largo sorriso ao sair de uma reunião entretida vai-lhe ser raspado da cara com lixa quando lhe perguntarem o que efectivamente foi falado e o que se decidiu naquele tempo todo – e nada lhe vier à cabeça.
Claro que não é preciso encarar todas as reuniões com a gravidade de uma sessão espírita. Um pouco de humor desanuvia a tensão e facilita o fluir de ideias. Mas como prevenir que seja a sua graçola a descambar a conversa para o deboche total? Fácil. – Se já mandou uma piada, não mande outra. Para si, acabou-se. Guarde-se para o café. – Se ainda não mandou e lhe surgir ocasião, conte até 5 e pense numa piada melhor. – Se não lhe ocorrer melhor, cale-se. – Se lhe ocorrer melhor, arrisque! – Depois cale-se 🙂
O gadgetolas
Plic, ploc, tlic, swish, fuim! Que chinfrineira electrónica é esta? Quem trouxe o filho bebé à reunião e o deixou entretido com um tablet? Ah, mas é alguém na própria reunião! Com um novo gadget. Que não se coíbe de pavonear. A relação entre gadgets e reuniões tem muito de intestinal.
Um gadget come qualquer reunião ao pequeno-almoço, apenas para a arrotar quando os presentes espreitam o relógio e se pasmam com o tempo que passaram exclusivamente a produzir dióxido de carbono. Não seja o artista que dá o mote a esta desbunda: – Deixe o gadgetzinho no seu posto de trabalho. – Se tiver mesmo de o levar, desligue o som. – Já desligou o som? – E agora, já?
O espampanantolas
Para o comum mortal, uma reunião é um levantamento de soluções perante determinado problema. Para um incomum pardal, é um levantamento de poções para fazer do ego o seu emblema. Os seus sapatos não soam, retinem. A fragrância não complementa, irrompe. O rosto não comparece, resplandece. Luzidio e pepsodêntico. Tudo porque o objectivo desta atenciófila criatura recai num único momento: aqueles 5 segundos de silêncio logo a seguir à pergunta “Alguém tem ideias?”, em que, arquejante pela oportunidade de brilhar, perfuma as palavras e proclama… uma assombrosa inanidade boçal.
Não faça esta figura. Se apenas almeja holofotes, procure-os numa passadeira vermelha. Onde não tenha de abrir a boca.
O pressolas
Nem um instante após o arranque da reunião já se ouve um grunhido a avisar que só falta meia-hora e ainda há muito por decidir. O grunhido de alguém sem tempo a perder! Alguém que estremece de fúria a cada derrape para a cavaqueira. Alguém com um compromisso inadiável logo a seguir à reunião. Como cortar as unhas à tartaruga. Aquilo de que o pressolas não se apercebe é que, embora a reunião acabe de facto à hora, as decisões tomadas sob pressão raramente são sustentáveis. Há sempre qualquer coisa crucial que escapa e que teria vindo à baila se a cada 10 min. não soprasse um rosnado azucrinante a pedir para acelerar.
Resultado? Inevitável segunda reunião, novo incómodo para todos e mais sacrifício para as unhas da pobre tartaruga. Solução? Não se faça de cronómetro. Traga um e deixe-o assinalar o final da reunião. Decida então com os presentes se é necessário mais tempo para chegarem a um consenso. Se for, gastem-no!
O picuinholas
Se o diabo está no detalhe, diabos levem o picuinhas! “Esse slide está 2 píxeis desalinhado”, “Não foi nada às 15:30, foi às 15:31”, “O site fica lento no meu PC com 15 anos”, “Não se diz diÓspiro, diz-se diospÍro” – afirmação tão inútil como falsa, pois o verdadeiro mete-nojo responderia que se pode dizer das duas maneiras. Há situações em que compensa ser coca-bichinhos. Uma reunião não é uma delas. Cada picuinhice desvia a conversa para um elemento irrelevante que em nada contribui para a decisão final.
Pense bem: – Vale a pena interromper toda a reunião por causa desse detalhe? – Há real importância dele em relação a todo o projecto? – Não está só a querer mostrar serviço e chamar as atenções sobre si? – Não pode anotá-lo e falar mais tarde com o responsável? Então não interrompa. Atente no que interessa e concentre-se sobretudo em não ser…
O artolas
Obrigação n.º 1 antes de ir a uma reunião: PREPARE-SE PARA ELA! Documente o que for preciso e ensaie argumentos. De contrário, ficará plasmada no seu rosto a simpática expressão acima ilustrada. E mantenha-se sempre alerta, pois se não vir ninguém a fazer esta figura… provavelmente é a sua 😉
Mas mesmo fazendo figura de urso, não desespere. É uma excelente lição a reter. Não a ressabie nem matute. Simplesmente aponte o que falhou na sua preparação e assegure-se de que não volta a acontecer. É natural haver discussões e contendas, mas, encerrada a sessão, feche essa porta, dê um cá mais cinco aos seus colegas e avancem juntos com o que decidiram! Lembre-se, não há reunião sem união 🙂